Prejuízos

Moradores da Colônia Z-3 continuam fora de casa

Há quase 30 dias em abrigos, habitantes esperam doações e dependem do auxílio socioassistencial

Foto: Italo Santos - Especial - DP - Moradores continuam sofrendo com os efeitos das chuvas de setembro

João Pedro Goulart
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(Estagiário sob supervisão de Lucas Kurz)

Mesmo com o breve recuo da água da Lagoa dos Patos, algumas localidades do Município de Pelotas continuam sofrendo com os efeitos das chuvas do mês de setembro, que atingiram o Estado. É o caso, por exemplo, da Colônia de Pescadores Z-3, onde famílias inteiras ainda dependem dos abrigos improvisados em igrejas e uma escola, aliados à ajuda do próximo enquanto aguardam a possibilidade de retornarem às suas casas.

Na tarde de segunda-feira (9) o cenário visualizado na Z-3 era de reconstrução daquilo que a água levou e recuperação gradual da rotina das pessoas. Nas duas localidades da colônia, Junquinho e Cedrinho, residências seguem tomadas pela água da lagoa e insistem em permanecer mesmo após o alívio das chuvas, mantendo seus ocupantes distantes dos lares. Em outros pontos a água já recuou o bastante para exibir as marcas de destruição e também de abandono, isso porque, de acordo com alguns habitantes, existem moradores - que tinham condições para tanto - que foram embora por medo do pior, abandonando as casas vazias.

Nos abrigos, durante o tempo em que os níveis da Lagoa não estabilizam, muitas famílias sonham com o desejo de voltar para o único lar que têm. Um sofrimento diário sentido por Berenice da Silva, 40 anos, moradora do Cedrinho. Há cerca de um mês o Santuário Nossa Senhora dos Navegantes tem sido o único lar para ela e sua mãe, uma senhora de idade que está doente. A falta de mudança da situação, desperta a agonia da realidade vivida. "Eu não aguento mais estar aqui nesse lugar. Quero ir para casa, sabe? Estou angustiada. Estou cansada de estar aqui. Todo mundo quer ir para casa, mas a água não baixa nunca", desabafa, deitada em uma cama improvisada.

Ainda no mesmo santuário, a família de Rosa Maria Souza, 64 anos, também continua sob o teto do salão da igreja desde o início das enchentes. Na outra cheia da Lagoa dos Patos, em 2015, ela, o marido e a filha já haviam passado por uma situação quase idêntica à atual, e precisaram da ajuda social. A família elenca o desastre natural mais recente como pior. Segundo a matriarca, a diferença está no mês em que as chuvas mais fortes ocorreram, tendo ocorrido, desta vez, mais cedo. Outra diferença tem a ver com o apoio socioassistencial. "Da outra vez, a Prefeitura deu apoio. Agora, o apoio vem dos moradores mesmo. E o Quartel, quando estava aqui, ajudou bastante famílias." disse a filha, Graziele Machado, 24 anos.

E os vestígios não se resumem apenas aos lares. No Junquinho, um dos moradores afirma que o pior cenário enfrentado por ele agora envolve sua principal fonte de renda, a oficina mecânica onde trabalha. Por se localizar em uma rua mais baixa, a oficina não escapou da água. Dessa forma, ele fica ter o que fazer, por depender da rede trifásica para acionar os equipamentos, como o aparelho de solda, por exemplo. Assim como a família do Cedrinho, ele nega que recebeu algum auxílio da Prefeitura.

Auxílio
Nesta terça-feira o Serviço de Assistência Social fará um mutirão indo até as casas dos abrigados para avaliar a real situação dos imóveis. Conforme o secretário de Assistência Social, Tiago Bündchen, além do atendimento socioassistencial com entrega de alimentos, água, roupas, material de limpeza e colchões, está sendo montada uma logística para auxiliar as pessoas a levarem seus pertences de volta, além de um acompanhamento posterior até que retornem às suas rotinas.

Quanto ao lapso escolar, a Secretaria Municipal de Educação informou que com a desativação do abrigo montado na Escola Municipal Raphael Brusque, o prédio está passando por limpeza e dedetização até quarta-feira (18). O retorno das atividades escolares está previsto para a próxima segunda-feira (16).

A Defesa Civil informou que na Colônia Z-3 seguem sendo assistidas 119 pessoas, em três abrigos. Também foram feitas a entrega de cerca de 300 telhas para moradores entre áreas urbanas e rurais, até agora. Nos abrigos, os itens que estão mais em falta são os alimentos.


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